segunda-feira, 19 de março de 2012

TUNGSTÊNIO HOTEL - UMA VIDA, UMA HISTÓRIA


Considerado uma pérola da arquitetura moderna potiguar o edifício destinado ao Tungstênio Hotel foi concebido em meio a um período efervescente de aspirações de modernidade vigentes no Seridó em meados da década de 50 do século XX.
À época, toda essa região apresentou consideráveis mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais, especialmente a cidade de Currais Novos, cenário de tão bela edificação, em decorrência da extração da sheelita no período pós II Guerra Mundial. A cidade tornou-se palco de várias ações de melhoramentos quando foram introduzidas medidas governamentais que modernizaram sua estrutura urbana através da sistematização de um plano urbanístico.
Relacionado com a estrutura de poder vigente, ou seja, com os desejos e aspirações da elite política local o plano foi desenvolvido pelo arquiteto Otávio Rosso e sua equipe (URBAN – Engenharia, Topografia e Urbanismo Ltda), caracterizando-se por revelar uma nova visão urbanística e arquitetônica, a qual parecia ter clara consciência do papel modernizador da arquitetura e seu potencial transformador dentro de uma malha urbana.          
Inserido no contexto do plano – responsável por grande parte das obras de arquitetura moderna curraisnovense – o Tungstênio Hotel destaca-se por uma arquitetura prática, funcional, econômica e desprovida de elementos decorativos, significando o rompimento com os estilos tradicionais. 


É notória sua semelhança com a arquitetura moderna produzida no sul do país à época: a ausência de fachada principal se contrapondo à prática do tridimensionalismo; a assimetria; a ligação arquitetura x malha urbana; a ausência de ornamentos; o uso de formas geométricas, dentre outras características. A marquise encontrada na porta de entrada; o coroamento; as janelas basculantes em ferro e vidro; as formas puras (quadradas e retangulares); os brises; o barrado em granito; o volume retangular onde estão as varandas; o painel em vidro e a locação no terreno são exemplos claros de uma arquitetura de vanguarda.
Em virtude do número de pessoas que aqui circulavam, a execução do hotel foi priorizada dentre as demais obras propostas pelo plano. Seu aspecto majestoso deu-se desde sua construção, quando foram utilizados tapumes de vedação que caracterizaram o alto grau de planejamento da obra.
Ouvindo relatos do Prof. Joabel Rodrigues de Souza sobre a construção do hotel - “no dia em que os tapumes caíram... Ah, o granito!” - ainda é possível viajar no tempo e imaginar o impacto causado por tal arquitetura. Sua inauguração no ano de 1954 contou com grande festividade, gente ilustre e banda de música; em seu restaurante onde era “chique” jantar e depois se debruçar nas varandas, era realizado também as agitadas domingueiras dançantes; sua sorveteria era ponto estratégico para casais enamorados indo ou vindo do Cine Teatro ou da confeitaria; suas calçadas transformaram-se em ponto focal da cidade.
Hoje, importante é saber que apesar da queda da sheelita a vida do hotel continua viva em nossa memória!
Fonte: Arquivo SEMTUR

2 comentários:

  1. É importante citar o autor do texto: Kleyne Rondelly de Sousa Dantas

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  2. É importante citar o autor do texto: Kleyne Rondelly de Sousa Dantas

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